Foi uma longa jornada até Fernanda Costa, 51, descobrir o diagnóstico do marido, José Costa, 57, portador de esclerose lateral amiotrófica (ELA). Natural de Aracati, o casal passou por diversas instituições de saúde e foi no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), que veio o diagnóstico. Depois do tratamento hospitalar de alguns meses no HGF e no Hospital Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), ele chegou à Casa de Cuidados do Ceará (CCC), equipamento de desospitalização da Sesa.

Devido ao diagnóstico, acreditava-se que José ficaria totalmente dependente, mas, segundo Fernanda, ao iniciar o tratamento na CCC, “tudo foi diferente”. “Deus começou a agir primeiramente, porque a gente tem que se apegar primeiramente na mão de Deus, mas aqui ele anda, ele fala, ele come. Eu agradeço muito à equipe. Quem vem para cá é só benção, tudo completamente diferente”, afirma.

                           Fernanda Costa atua como cuidadora voluntária do marido

Ainda segundo a cuidadora, ela não tinha experiência com as atividades do novo ofício, mas foi aprendendo aos poucos. “No HGWA me ensinaram a aspirar, aqui na CCC eu já faço tudo em parceria com a equipe de saúde. Participei do curso de cuidadores promovido pela Casa, aprendi muito”.

Segundo Fernanda, o fato mais marcante dessa jornada foi o dia da retirada da gastrostomia. “No diagnóstico dele, ouvimos que ele não conseguiria mais comer pela boca sozinho, então quando houve essa retirada, logo lembramos disso. Foi um milagre, só tenho a agradecer”.

Atuando pela primeira vez como cuidador, Reginaldo dedica-se aos cuidados da esposa em tempo integral

Reginaldo Santos, 60, também está atuando como cuidador pela primeira vez, no caso, cuidando da esposa que se recupera de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Eles estão na CCC há 3 meses e também vieram do HGF. Como aposentado, aproveita o tempo para intensificar os cuidados com a companheira. “O começo foi difícil, mas com as orientações e treinamentos da equipe, melhorei bastante. Aprendi a fazer aspiração, faço troca das dietas, ajudo a trocar a fralda e também a retirá-la da cama”.

Ele diz que os novos aprendizados foram essenciais. “Essa dedicação toda é para ela. E eu tenho certeza que se fosse o contrário, ela estaria fazendo o mesmo por mim. Jamais vou desistir dela”, disse o apaixonado marido, que tem quase 40 anos de união com a companheira.

                         Lilia Maria é cuidadora e mãe de Vanessa, jovem de 16 anos

Os desafios da cuidadora Lilia Maria Alves, 38, começaram logo no nascimento da filha, com paralisia cerebral, em Pacajus. Já em Fortaleza, a bebê passou por tratamento no Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) e no HGWA. Hoje, a filha tem 16 anos e a mãe destaca o aprendizado que teve durante a jornada. “A Vanessa veio pra me ensinar, porque eu não sabia de nada mesmo. Não tive dificuldade com os treinamentos na Casa porque esses anos de prática com ela me fizeram aprender bastante. Tive boas referências da CCC lá no HGWA e é tudo isso mesmo. Só não é melhor do que a nossa casa”, conta, sorrindo.

                                  Equipe de saúde da CCC e os cuidadores da unidade

Homenagem aos cuidadores

O treinamento para cuidadores, promovido quinzenalmente pela equipe da Casa de Cuidados do Ceará (CCC), teve um momento especial. Em alusão ao Dia Nacional do Cuidador de Idosos, celebrado neste dia 20 de março, a equipe da unidade prestou uma homenagem aos cuidadores e ressaltou a importância do trabalho em conjunto na recuperação dos pacientes.

No treinamento, foram abordados tópicos como prevenção de infecção, cuidados com vias áreas, administração segura de medicamentos, dieta e higiene oral, mobilização no leito e prevenção de lesão por pressão.

A psicóloga da CCC, Ariana Matias, destacou a responsabilidade dos cuidadores e a importância do cuidado com o outro e consigo mesmo. “É incrível perceber a evolução do trabalho de cada cuidador e o desenvolvimento da independência. Mas, além do cuidado com o outro, é necessário também cuidar de si, por isso é importante participar das ações de autocuidado e olhar para dentro de si com o mesmo olhar de afeto dado ao paciente”.

Quinzenalmente, a equipe da CCC promove treinamentos para capacitar os cuidadores do equipamento

Lucivânia Araújo, 50, é cuidadora profissional e atua nos cuidados de um paciente com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Além dos treinamentos, ela também participou do curso de cuidadores da CCC, realizado em fevereiro. Ela destacou a abundância de conteúdo novo que ela aprendeu no período que está na Casa.

“Eu aprendi muita coisa e no caso do que eu já sabia, eu pude aperfeiçoar. Aprendi como movimentar meu paciente, antes eu precisava da ajuda das enfermeiras para dar banho no paciente, agora eu consigo fazer isso sozinha. Eu também sou curiosa, pergunto tudo e a equipe é super prestativa em responder, tenho ótimo relacionamento com todos. Porém, sempre temos algo a aprender, então sempre estou disposta”, afirma.