CAPS infantil ganha decoração e brinquedos feitos de materiais recicláveis
A história de Francisco Liduino com a arte plástica começou cedo, ainda criança, quando ele criava, da sua imaginação, brinquedos para si, utilizando materiais como latas, papelão e até palitos de picolé. A criatividade, que nunca o abandonou, hoje ganha novos propósitos: ele utiliza seu talento para produzir brinquedos, enfeites e diversos objetos que encantam as crianças que estão em atendimento no Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Capsi) Maria Ileuda Verçosa, equipamento da Prefeitura de Fortaleza que conta com a gestão compartilhada da Atenção Primária à Saúde (APS) do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).

Conhecido carinhosamente como “Tio Lidu”, ele está há cinco anos responsável pela limpeza da unidade, mas nunca deixou de lado seu passatempo. Entre uma atividade e outra, concilia as demandas do trabalho com os projetos manuais que despertam sorrisos entre os pequenos. “Eu fico imaginando o que posso fazer em seguida. Dependendo da ideia, eu estudo um pouco e coloco em prática. Aqui, meus materiais são, principalmente, o papelão, que reutilizo das caixas recebidas da farmácia, além de cola de isopor e cola quente”, explica.
Lidu conta que a interação com as crianças surgiu naturalmente e que a parceria com os profissionais do Capsi também abriu portas para que ele se aproximasse dos pacientes. “No começo foi sem intenção. Uma criança não estava confortável no espaço e entrou em crise. Fui ao meu ateliê, que fica aqui mesmo, peguei um caminhão e entreguei. Ela foi se acalmando. A partir daí, quando é necessário e algum profissional quer usar uma das minhas peças, eu tenho o maior prazer em ajudar”, afirma.
Quando finaliza as atividades diárias, Lidu se dedica ao ateliê improvisado nos fundos da unidade. “Muitas vezes chego e algumas crianças ficam no portão esperando eu abrir. Mas temos muito cuidado: nunca deixo entrarem sozinhas. Elas precisam estar com os pais ou responsáveis do Capsi”, alerta. Com o crescente interesse dos pequenos, ele passou a receber pedidos especiais. “Recebo pedidos de brinquedos e faço com o maior amor do mundo”, diz.
Relação com a equipe
A auxiliar administrativa Meiriele Amaro destaca que a equipe valoriza o talento de Lidu. “Ele consegue dar conta de tudo. Chega, faz o trabalho dele e quase não precisamos reforçar nada. Com o tempo que sobra, ele oferece às crianças um alívio em vários momentos”, relata.
A parceria se fortalece especialmente em datas comemorativas, como o Natal. “Ele é o artista. Às vezes ele chega com uma ideia: ‘vamos deixar o espaço mais bonito para as crianças?’. Eu digo ‘vamos’. Ele traz uma proposta, eu trago outra, e a gente cria junto”, conta. Neste ano, o Capsi ganhou duas peças exclusivas: uma árvore de Natal e um boneco de neve, ambos feitos com copos descartáveis reutilizados após higienização. “Colocamos um recipiente de coleta, depois separamos, higienizamos cuidadosamente e partimos para a construção das peças”, explica.
Lívia Rodrigues, Gerente administrativo da APS, também acolhe com bom grado essa iniciativa. “Com pura empatia e solidariedade, ele transforma nossa ambiência e encanta a todos com o seu talento. Lidu é um exemplo de empatia e solidariedade junto ao próximo, agindo de forma eficaz e bondosa junto a todos. Nossa equipe tem profunda admiração e gratidão pelo empenho e diferencial que o Lidu traz para o nosso ambiente de trabalho”, comenta.

Um trabalho iluminado
“Eu me sinto iluminado. Quando alguém precisa de mim, fico profundamente gratificado. Sou muito grato a Deus por poder ajudar e agradar, especialmente as crianças. Isso me faz muito bem. É até um prazer quando elas me pedem algo; eu fico realmente feliz em poder ajudar. Sempre que eu estiver aqui e puder, farei tudo por elas. Pelas crianças, pelas pessoas. É assim. É desse jeito que eu vejo as coisas”, finaliza.